Do projeto “Conversas Literárias” idealizado nesta quarta-feira (10), no Museu de Arte de Mato Grosso, tiramos uma só conclusão: a literatura e os escritores não param de nos surpreender, seja na escrita, seja nas declarações, eles têm muito a nos inspirar.
O processo criativo e as novas possibilidades para a literatura em tempos modernos foram só pano de fundo para uma conversa norteadora a pretensos literatos e uma comunicação atemporal que consegue unir a literatura de Silva Freire e Wlademir Dias-Pino aos outsiders desta hora.
Um certo tom libertário permeou a rodada literária que tomou de assalto o Museu de Arte de Mato Grosso, sede da exposição Cuiabá Experimental, com painéis de Dias-Pino, um cara que ultrapassou os versos e os transformou em imagens. Tudo isto, compensado pela coerência das palavras do poeta Silva Freire. Juntos, eles deram sentido a um movimento inovador para as artes brasileiras, o Intensivismo.
A diretora da Casa Silva Freire, Larissa Freire, entidade idealizadora do Circuito Cultural Setembro Freire - juntamente como Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel) e Casa Civil -, e uma das maiores ativistas que o solo mato-grossense já acomodou, filha do poeta, destacou a liberdade da reunião. “Estamos mais livres para conversar. Um lugar, que versa fora da Academia, que é um museu de arte, mas que dialoga sobre a ciência neste momento”.
O escritor Lorenzo Falcão, um dos convidados para esta ação, apontou que se tratava de um “barato jazzístico”. Isso mesmo, que o improviso fosse determinante. A partir de suas vivências, sugeriu a escritores propensos, suas dicas pessoais e declarou-se um ser literário. “A literatura nunca parou de me surpreender desde que aprendi a ler, que me alfabetizei, toda minha história de vida está relacionada à literatura, é um estilo de vida. É minha praia preferida, de onde consigo abertura para as demais artes”. lembrou.
Sobre tempos atuais, declarou que o escritor precisa aprender a se agenciar, garantir o mínimo de sobrevivência, porque, afinal, literatura é paixão. “Tem que participar de concursos, editais... Fora daqui de Cuiabá existem mais eventos literários, muitos escritores são chamados a compartilhar sua experiência e ganham dinheiro para isso. Arte em geral e dinheiro destoam. A internet hoje se configura como uma eficiente forma de dar visibilidade para a literatura. Tem que começar com um blog que seja para começar a escrever suas bobagens ou suas coisas grandiosas”. E ele assegura que essa carreira, ou melhor, estilo de vida, depende de muita leitura. “Quem lê muito escreve bem, é uma regra que ainda vale. A literatura ainda está se sedimentando neste universo midiático das altas tecnologias. Acho mesmo que vou fazer literatura no Instagram”, se diverte e claro, lança a ousadia às novas gerações.
O autor do subversivo “Eu Noia”, Eduardo Ferreira, que também participou da ação, empolga ainda mais. “Somos outsiders da literatura, somos da periferia elitista”. Para ele, o processo editorial é criativo e singular. “Não tem método para literatura, se tiver uma regra, eu sou antimétodo. Escrever é hora certa, é que nem um tiro certeiro, é um suicídio, é morrer um pouco, morrer e se revelar e morrer um pouco”.
Sobre a vanguarda intensivista ele arremata: “Vejo uma contradição muito grande. Ou o mundo avançou atrasadamente - porque o intensivismo vem dos anos 1940 -, só hoje a sociedade o abraçou. Antes eles eram os marginais, hoje, nós os somos agora. Hoje eles estão incorporados. E afinal de contas, Wlademir merece, Silva Freire merece. Foram guerreiros à época deles. Foram muito importantes à época e nada aceitos pela cuiabania. Hoje, queremos demarcar uma posição também”. De perto, lá estava Wlademir Dias-Pino que acenou. No caso dele, intensivismo puro.
Parcerias e programação
O Setembro Freire é realizado também pela parceria da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso; Sala da Mulher; Prefeitura Municipal de Cuiabá; Tribunal de Contas do Estado e da Universidade Federal de Mato Grosso - Pró-reitoria de Extensão, Cultura e Vivência.
Patrocinam a ação cultural a Gráfica Print e o advogado Amaral Augusto da Silva. O apoio cultural é da Fapemat; RG Dicke; Grupo de Pesquisa em Psicologia da Infância (GPPIN); Estudos de Cultura Contemporânea (ECCO); Mestrado em Estudos de Linguagem (MEEL); Rede CO3; OAB-MT; Fiemt; Iphan; Seduc; Museu de Arte de Mato Grosso – MA-MT; Museu Histórico de Mato Grosso; Cena 11; Entrelinhas Editora; Livraria Nobel; Casa de Guimarães; Colégio Master; Água Lebrinha; Correia da Costa Advogados; Papelaria Dunorte e Yod Comunicação.
Todas as atividades que compõem o Setembro Freire podem ser conferidas no site
www.casasilvafreire.org.br.