Casa Silva Freire

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(SILVA FREIRE, Trilogia cuiabana, vol.1, p.29, 1991)

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Por 30 anos viúva de Silva Freire cuidou de acervo; filha fez catalogação de arquivos

04/05/2021 às 08:00

Até chegar às mãos da equipe que realiza a catalogação e digitalização do acervo do poeta Silva Freire, os documentos, fotos e objetos ficaram por um longo tempo, sob a salvaguarda da viúva, Leila Freire.
 
Consciente do valor histórico do que protegia integralmente, por 30 anos ela levou o acervo para onde quer que fosse. Até então, apenas livros haviam sido doados à biblioteca batizada com o nome do poeta, na Univag. Ele faleceu em 11 de agosto de 1991.

“Havia um vínculo afetivo muito forte. Para onde eu me mudava, lá iam as caixas e envelopes. Tinha sempre de haver um cômodo amplo para abrigar tudo. Agora, entreguei para o mundo (risos)”.

Com a possibilidade de um inventário aprofundado e compartilhamento público do material, ela considerou ser este o momento ideal para confiá-lo à equipe que realiza o projeto selecionado por edital da Lei Aldir Blanc.

É a diretora da Casa Silva Freire, Larissa Silva Freire Spinelli, a responsável pela coordenação geral, enquanto a técnica é de João Paulo Lacerda Paes de Barros. Todo o processo tem supervisão da historiadora Elizabeth Madureira.

Mas a história de salvaguarda do acervo começa com Glenda Freire, filha caçula de Silva Freire.

“Eu havia acabado de chegar de São Paulo, onde trabalhei na organização de arquivos da C&A, quando fazia parte da equipe da Doc Filmes. Voltei a morar com minha mãe em Cuiabá e me senti motivada a organizar os documentos de meu pai. Enquanto não sentei e realizei esse trabalho, a angústia não acabou”.

Foi em 2001 que passou a organizar poemas em envelopes e reportagens e fotos em pastas e assim, pela primeira vez os itens eram catalogados. Foram meses separando e registrando tudo em uma planilha no computador.  

A filha mais jovem testemunha uma verdadeira imersão pelo universo do pai. “Conheci ainda mais dele. Por conta da subjetividade, os poemas foram mais difíceis de entender” (risos). Mas foi na interação social que mais foi revelado. A vida pública, os discursos políticos me surpreenderam muito. Foi muito gratificante ter realizado esse trabalho. A gente precisava preservar isso. Fico emocionada toda vez que penso na dimensão que isso tudo tomou”.

Já em relação aos poemas Leila tem uma boa história para contar. Pensando hoje sobre a situação, sente que parece até uma mensagem enviada por Silva Freire no dia do casamento do filho Murillo.

“Quando meu filho foi se casar, minha nora me disse que queria fazer uma surpresa para ele na cerimônia, com um poema do pai. E pediu para olhar o acervo até encontrar algo que coubesse à homenagem. Saiu lá de casa com um papel nas mãos”.

Já no grande dia, foi Larissa foi quem o leu. “Enquanto ouvia os versos, pensei: ‘para quem será que Freire escreveu isso? Estava inspirado, hein?’” (risos).

Rapidamente uma luz acendeu: “Veio tudo na hora. Ele, na porta de onde é hoje o prédio da Casa Silva Freire, na Cândido Mariano. Esse poema ele tinha me dado no dia dos namorados! Foi muito emocionante. Era um poema de amor”.
 
Legado à sociedade

Glenda destaca a atuação da irmã, Larissa, como contumaz defensora desse legado. “Ela tomou a frente para não só proteger o acervo, como também, para compartilhá-lo com a sociedade. Toda essa história precisa ser conhecida”.

A mãe, Leila, também se sente realizada com a nova etapa rumo à preservação desse universo “silvafreiriano” e democratização do acesso à sua produção intelectual.

“Sempre tive todo o cuidado. Sabia o valor que tinha cada pequeno papelzinho. Eu confesso que no início, antes de Glenda realizar a primeira catalogação, não tirava nada do lugar. Deixava até as coisas na gaveta, do mesmo jeito que ele tinha deixado. Havia sempre aquela sensação de que ele perguntaria onde estava qualquer coisa e se não tivesse sido tirada do lugar, encontraria logo. Ali estavam registrados também, muitos fatos importantes para a cidade. Dias-Pino [amigo e parceiro criativo de Silva Freire] costuma dizer que ele [Silva Freire] era um vulcão. Vivia intensamente”.
 

Fonte: Assessoria CSF

Por 30 anos viúva de Silva Freire cuidou de acervo; filha fez catalogação de arquivos
 
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