Cerca de 5 anos após sua retirada, a escultura Árvore de Todos os Povos do artista Wlademir Dias-Pino retornará à Praça 8 de Abril, em Cuiabá, local em que foi originalmente instalada. Em evento oficial a próxima quarta-feira (27), às 17h, a Prefeitura de Cuiabá fará a entrega oficial da obra revitalizada. Na oportunidade também será oficializada a restauração do mural pintado originalmente pelo artista Adir Sodré. Para celebrar a ocasião, a comunidade artística prepara uma ocupação na praça com apresentações e intervenções.
O evento ainda prestará homenagem ao poeta Silva Freire com o descerramento da placa que dá nome ao “Coreto Poeta Benedito Sant’Ana da Silva Freire”, também instalado na Praça 8 de Abril.
Para Larissa Silva Freire, coordenadora-geral da Casa Silva Freire que articula a ocupação, o momento é de alegria e resultado de muita luta e insistência. “Para nós, o retorno da obra é momento de muita alegria. Depois de tantas lutas é importante ter esse espaço para expressar nosso sentimento e ressaltar que a importância da arte e da cultura para nossa cidade”, afirma.
Em 2019, por ocasião de uma reforma na praça a obra e um painel pintado pelo artista plástico Adir Sodré foram retirados do local dando lugar a uma fonte com pedras e um tuiuiú. Depois disso, as obras não foram mais vistas. À época, a classe artística chegou a fazer um abaixo-assinado cobrando providências.
Fruto do Intensivismo, a escultura tem sua importância principalmente pela representatividade junto a esse movimento que se origina em Cuiabá entre as décadas de 1940 e 1950 com a participação de inúmeros intelectuais, artistas, poetas, escritores, dos quais figuram Dias-Pino e Silva Freire.
O movimento abrange um projeto político, cultural, estético e educacional a fim de criar uma identidade local, considerando Cuiabá como o Portal da Amazônia.
Histórico
Originalmente, a escultura “Árvore de Todos os Povos”, integra o projeto para a instalação da Praça Cívica do Estado de Mato Grosso na Praça 8 de Abril. O projeto foi escrito por Wlademir Dias-Pino, Célio da Cunha e Silva Freire perante o novo desafio da região no contexto da política de integração nacional no âmbito do processo de colonização e de expansão da fronteira agrícola na década de 1970.
Na proposta, havia-se o desejo de instalar uma praça-pedagógica, preocupada com a preservação da memória cultural, a paisagem, a tradição, a geografia e a história mato-grossense e a cultura dos povos indígenas.
A localização da referida escultura foi objeto de estudo do artista visual Wlademir Dias-Pino que considerou a posição estratégica para a apreciação tridimensional da obra(pressuposto básico da obra), bem como a confluência das principais vias, além da proximidade com o lugar onde os grandes debates dos intelectuais se davam na época.
Segundo registros do poeta Silva Freire, a metáfora da Praça 8 de Abril um triângulo-bússola que, apontando para a Amazônia e para o chão, indicando o futuro (novo compromisso de Cuiabá) que deverá ser projetado a partir de uma herança telúrica (chão das experiências cuiabanas). Para o poeta, a praça é “um poema público de Cuiabá para ser lido, ouvido e venerado”.