Abril é um mês especial. Ao longo de seus 30 dias são comemorados oficialmente quatro datas importantes. São elas: Dia Internacional do Livro Infantil (02/04), Dia da Biblioteca (09/04), Dia Nacional do Livro Infantil (18/04) e, por fim, o Dia Mundial do Livro celebrado em 23/04. Para celebrar essas datas e celebrar o mês, a Casa Silva Freire traz temas relacionados ao poeta Benedito Sant’Ana da Silva Freire, ávido leitor, e ao mundo da leitura.
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“Nossas leituras influenciam na escrita”, avalia Sheila Cristina Ferreira Gabriel, professora do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR).
Pesquisadora em processo de doutoramento, ela analisou as obras lidas pelo poeta Benedito Sant’Ana da Silva Freire na tese “Tecendo os fios da trajetória autoral de Silva Freire (1949-1991): um discurso histórico-cultural sobre as experiências no campo da leitura e escrita de um autor cuiabano”.
O objetivo da pesquisa é abordar a constituição do autor a partir das leituras feitas por ele. “Me coube analisar com quais autores ele dialogava, que obras foram lidas, o que fez Silva Freire se interessar pelas obras ou autores, a percepção dele sobre os livros e, principalmente, como isso deságua na escrita dele”, explica Sheila.
Para isso, a pesquisadora mergulhou no Acervo Silva Freire, mantido pela Casa de Cultura Silva Freire com o intuito de preservar e difundir a obra do poeta. A partir do acervo, Sheila observou – entre outros aspectos – grifos de leitura, as redes de socialização com outros autores e os interesses literários.
“Os textos de Silva Freire circularam para além de Mato Grosso e foram lidos por nomes importantes do cenário da literatura brasileira como Ricardo Guilherme Dicke e Manoel de Barros”, conta a pesquisadora. Além da literatura, os textos de Silva Freire circularam em outras áreas do conhecimento. No campo da Educação, o poeta também foi lido pelo professor Célio da Cunha, segundo a pesquisadora.
Aspecto importante para Silva Freire, o estudo analisou ainda a circulação e percepção dos leitores da obra do poeta. “Silva Freire se preocupava significativamente com a circulação e recepção de seus textos e se valia de estratégias para fazê-los circular não só entre pessoas alfabetizadas e letradas, mas para toda população cuiabana”, explica Sheila.
Em entrevistas, a pesquisadora recuperou uma das estratégias dele para fazer seus textos circularem: distribuir poesia gratuitamente na entrada do Estádio Eurico Gaspar Dutra (o Dutrinha), em Cuiabá, em dias de jogo.
“Ele distribuiu poesia na entrada do estádio e, durante a partida, se surpreendeu quando fizeram aviõezinhos com o papel que havia sido entregue. Ao invés de se chatear, Silva Freire ficou maravilhado em ver a poesia dele levantando voo. Em como as pessoas fizeram o texto dele voar”, conta Sheila, ressaltando que a história foi relembrada por Leila Freire, viúva do poeta.
A Casa Silva Freire
No Centro Histórico de Cuiabá, A Casa Silva Freire abre de segunda a sexta-feira, de 13h às 18h, para visitações com atividades mediadas à exposição que apresenta um recorte da vida e obra de Silva Freire e ao Centro de Documentação que abriga o Acervo Silva Freire (CPDOCSF). As visitas podem ser agendadas pelo telefone (65) 2129-6002 ou pelo e-mail agendamento@casasilvafreire.org.br. A Casa Silva Freire fica na Rua Cândido Mariano, n. 707, no Centro Histórico de Cuiabá.
Ponto de Cultura e Ponto de Memória reconhecida pelo IBRAM, a Casa Silva Freire oferece atividades mensais gratuitas por meio do programa educativo e de uma programação cultural permanente. Fundada em 8 de abril de 2010 é uma associação sem fins lucrativos, que possui a finalidade de preservar e difundir a obra do poeta por meio da promoção e incentivo à cultura, educação, literatura, arte e ciências em Mato Grosso.
Fonte: Da Assessoria